No tempo em que os escritores escreviam crônicas semanais para periódicos e se viam sem ideias, mas precisando cumprir o prazo, lançavam mão do artifício mais velho do mundo: escrever uma crônica sobre não ter um assunto para crônica. Todos os nossos grandes cronistas têm ao menos um exemplar desse tipo de texto em seu currículo.
Eu não sou uma grande escritora, não escrevo para um jornal e nem posso me considerar uma exímia contadora de histórias. Mas também padeço vez ou outra dessa falta de assunto que nos bloqueia frente a uma tela em branco.
Tudo isso para dizer que essa semana foi tão intensa de trabalho, estudo e eventos sociais que eu simplesmente não consegui elaborar nada minimamente interessante para escrever a você – e isso porque estamos apenas na segunda edição dessa newsletter, ai, ai.
Então vamos de amenidades e indicações aleatórias, que não costumam ter erro.
O que ando lendo
Terminei de ler Memórias de um sargento de milícias para o mestrado e, surpreendentemente, achei bem divertido! É uma comédia de costumes que satiriza várias situações do tempo do rei na corte fluminense e tem uma narrativa deliciosa.
O que achei interessante é que:
1) foge completamente da ideia de clássico pomposo carregado nas tintas do sentimentalismo barato, que eu tanto odeio em vários romances brasileiros que a gente tinha que ler nas aulas de literatura, e
2) tem um quê de fábula, com vários personagens que não são nomeados, representando tipos comuns da sociedade, mas nunca se rendendo ao moralismo.
Enfim, é o tipo de leitura que eu não faria voluntariamente, mas que foi uma grata surpresa. Ouvi em audiobook, aproveitando os três meses gratuitos do Audible, e a experiência foi bastante satisfatória.
No momento em que você abrir esta carta, provavelmente eu já terei finalizado Lucíola, também consumido em audiobook porque a vida é muito curta.
Já havia lido o clássico de José de Alencar aos 15 anos, para o colégio, e tinha odiado com todas as forças do meu pequeno ser. Dessa vez, odiei um pouco menos, mas ainda assim não posso dizer que foi uma experiência prazerosa.
Ao contrário do outro livro citado, esse peca pelo moralismo exacerbado, pelos arroubos românticos altamente emocionados que me irritam, enfim, pelos excessos.
Obviamente, fazer essa releitura mais de 20 anos depois me permitiu enxergar outros pontos na obra que haviam escapado à Fabizinha adolescente. Ainda assim, não é um livro que eu possa dizer que me agrada na literatura brasileira.
No mais, ainda sigo lendo todos os demais livros mencionados na edição anterior. Nunca fui uma leitora lenta, mas ultimamente ando tão esgotada que cada livro me consome o triplo do tempo para ser lido.
A obsessão literária da vez
Eu tenho essa mania de, quando conheço um autor de que gosto muito, não sossego enquanto não for atrás de toda a obra dele – ler todos os livros já são outros 500. Durante minha longa vida de leitora, já tive mais obsessões literárias do que posso contar. Teve a fase John Dunning, a fase Michael Connelly, a fase Lawrence Block e por aí vai.
E aí que, desde que li Sobre meninos e lobos, fiquei obcecada com o Dennis Lehane e decidi que iria ler a sua famosa série dos detetives Kenzie e Gennaro.
Já tinha dois dos seis livros em casa, que comprei há anos sem saber que faziam parte de uma série. Assim, quando encontrei todos os outros quatro no sebo, esperando por mim, e custando apenas R$10 cada, evidentemente tive que comprar.
Então aparentemente começarei um novo projetinho de ler todos os livros em ordem. Minha primeira experiência lendo o autor foi fantástica e só espero que essa série não fique muito atrás. Você já leu algum deles? Recomenda?
O que ando ouvindo
Semana passada eu fui a uma festa totalmente inusitada: o tema era RPG, com direito a pessoas fantasiadas de elfos e magos, e a playlist era a mais eclética que já ouvi, pois foi do funk ao pop ao metal e, por incrível que pareça, combinou.
Uma das músicas que tocaram foi Through the fire and flames, do Dragonforce, que eu não conhecia, mas adorei! É um tipo de metal que não costumo escutar, mas quando tocou foi tão catártico que não tive outra escolha a não ser incluir na minha lista de músicas curtidas. Desde então, tem sido figurinha carimbada na minha playlist de academia.
Na mesma vibe, o spotify me recomendou a Arven, uma banda de metal composta quase exclusivamente por mulheres – a exceção à regra é o baterista. Isso, por si só, já me chamou a atenção, pois infelizmente é algo bem raro na cena do metal.
Tenho ouvido o primeiro álbum, Music of light, de 2011, que me passa muito uma vibe de RPG também. A banda lançou outro álbum em 2013, Black is the colour, que também achei muito interessante. De lá para cá, não sei que fim levou, mas foi uma grata surpresa do algoritmo.
Dica aleatória: chocolate branco
Eu sou chocólatra assumida e chocolate branco é o melhor chocolate, sim, e quem discorda está errado. Naturalmente, estou sempre em busca do chocolate perfeito. Até então o posto de favorito era do da Lindt, que infelizmente tem um preço bem proibitivo.
Mas acho que encontrei um que chega beeeeeeem perto e custa menos da metade do preço. É o chocolate branco da Neugebauer, da linha 1891. Cremoso, doce na medida certa, parece que fadinhas cozinharam para você, uma delícia. O único defeito? Não ser encontrado com facilidade neste Rio de Janeiro de meu Deus.
Enfim, se encontrar este chocolate dando sopa no supermercado, não hesite, não pense, apenas compre. Não vai se arrepender.
Termino por aqui, com a promessa de, na semana que vem, trazer um texto mais elaborado e cuidadoso. Até lá!
Uma curiosidade: já fui no show do DragonForce. Eles abriram para o Epica em um dos shows deles por aqui, talvez há uma década atrás 😂